POESIA – 200317
200317
Subitamente, todo mundo teme a morte
como se muitos mais que poucos fossem vivos.
Cada morada transformar-se-á num forte
com fartos rolos de papel e uns poucos livros.
Pela janela, observaremos vultos
e saberemos que ali vai um herói —
os arrogantes, sob máscaras ocultos;
o mais do povo, descoberto, como sói.
Perecerão alguns parentes. Seus velórios
serão vazios como missa em terça-feira
e mostrarão aos que restarem quanto valem.
Atravessado o vil período, um relatório
dirá que tudo não passou de brincadeira
porque, os mortos, nada abala. Não se abalem.