POESIA – 200309
200309
A fama acolhe a todos, sem juízo.
Se põe aos pés do santo e do ladrão.
Afaga as vaidades com um sorriso
enquanto, atrás do corpo, esconde a mão.
A lâmina do povo é a língua dupla,
louvores com baixezas proferindo.
Afinco na calúnia; na desculpa,
cuidado: “Que inocente anda sorrindo?”
Oh, glória humana, Torre de Babel
ereta em bafo e berros sem sentido!
Promete o céu na terra, entrega o fel
e a podridão do verbo corrompido.
Escolha o bem, amigo, que preferes.
A fama engana bem — e até mulheres